quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Senzala

O texto foi composto quando ainda me aventurava em composições, sonhador que era, de músicas que pretensamente motivariam participações em festivais como o de Grussaí, em São João da Barra, e o Comunicantar, cuja final foi realizada no Ginásio do Auxiliadora, em Campos.

Mas que continua muito atual.


Senzala (Cilênio Tavares - 1987-1988)

Nestes desertos de cinzas, medíocres esponjas
Lavam à sombra de canaviais
Toda sujeira encarnada
Nojenta, inundada
De cortes profundos que não curam jamais

Essa miséria é parte
De um triste cenário
De correntes malditas que nunca cederam.
Latifundiários mandando chover
E o negro pagando pra sobreviver

Partes da história
Nas sombras escondidas
Matando raízes com as cicatrizes
Abrindo feridas
Gemidos sombrios
Em grandes senzalas feito animais
Pulsando nas veias, a dor dos chicotes
Nas costas
No chão
E no coração

Essa miséria é parte
De um triste cenário
De correntes malditas que nunca cederam
Latifundiários mandando chover
E a gente, pagando pra sobreviver.

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