O ano era 1988. A
então promessa no meio político, que tinha sido bem votado em pleito anterior para a
Câmara de Vereadores de Campos (mas sem se eleger pelo PT), Anthony Garotinho acabara de se
eleger como o prefeito mais jovem da cidade, pelo Movimento Muda
Campos. Nos quatro anos que se seguiram, realizou, contando com um
grupo de gente bem intencionada, uma administração relativamente
interessante para os padrões da época, o que fez com que sua
popularidade aumentasse a passos largos não só em Campos, mas
chamando a atenção da imprensa nacional, onde começava a se
projetar.
Desde aquela época
já dera sinais de que sua ambição política não ficaria restrita
aos limites do município onde nascera. Elegeu seu sucessor, Sérgio
Mendes, em 1992, mas logo que percebeu que nem todos estavam
dispostos a segui-lo cegamente, tratou de romper com o jornalista que
antes considerava ser seu amigo. De lá para cá, colecionou um
número considerável de ex-amigos, em que constam nomes como Arnaldo
Vianna e o compadre Fernando Leite Fernandes, por conta da sua busca
megalômana do poder pelo poder, entre tantos outros que dariam uma
lista grande.
Não à toa, depois de deixar Campos em segundo plano, no meio do segundo mandato como
prefeito — 1997-1988 —, consegue se eleger governador do Estado
do Rio de Janeiro, mas ainda era pouco. Decidiu, então, tentar a
Presidência da República, numa eleição em que ficaria em terceiro
lugar, em 2002. E mesmo não obtendo sucesso no plano nacional, a
mulher, Rosinha, se elegeria governadora no primeiro turno.
Depois de um tempo
colecionando inimigos por onde passou e sem os mesmos espaços no Rio
de Janeiro, onde sequer conseguiu disputar, em 2014, o segundo turno
para o Governo do Estado — ficou atrás de Luiz Fernando Pezão e
Marcelo Crivella — emplaca a mulher como prefeita de Campos
(2008/2002 e 2013-2016), que se reelege, mas não consegue fazer o
sucessor dela. Num desempenho pífio, o candidato apoiado pelo antes
todo poderoso, Dr. Chicão sequer chega ao segundo turno no pleito
deste ano. Teve que assistir a uma vitória acachapante do candidato
Rafael Diniz (PPS) à prefeitura da cidade. A derrota, em parte,
teria se dado porque o cacique do PR forçou demais a barra para
tentar a eleição de seu candidato à sucessão de Rosinha em
primeiro turno. Mas é de bom tom considerar que a população também
se encheu de ficar em segundo plano.
Mas o que Garotinho
certamente não contava era que a derrota de Dr. Chicão dava início
à derrocada de seu grupo. E, para isso, contribuiu, e muito, a
descoberta do “escandaloso esquema” de suposta compra de votos
utilizando o programa Cheque Cidadão, que pulou de 12 mil para 30
mil praticamente às vésperas da eleição. O que se seguiu já é
de conhecimento de todos e infelizmente, colocou Campos dos
Goytacazes mais uma vez em manchetes negativas em praticamente todos
os sites do país.
A prisão do
secretário de Governo da administração Rosinha, nesta
quarta-feira, embora não tenha sido surpresa pra ninguém, diante
das consistentes provas conseguidas pela Polícia Federal, pode, sim,
ser o início do fim de um ciclo de um político que continua
suscitando reações das mais variadas na opinião pública, de um
modo geral: há quem o odeie e há quem o ame. Em ambos os casos,
reações ao extremo.
Como o ditado aponta
que contra fatos não há argumentos, pode ser que a população que
decidiu romper com esse ciclo de poder, votando na oposição, tenha
deixado claro ter se cansado de mais do mesmo.
Mas isso só o tempo dirá.
Mas isso só o tempo dirá.
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