quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Fim de um ciclo?



O ano era 1988. A então promessa no meio político, que tinha sido bem votado em pleito anterior para a Câmara de Vereadores de Campos (mas sem se eleger pelo PT), Anthony Garotinho acabara de se eleger como o prefeito mais jovem da cidade, pelo Movimento Muda Campos. Nos quatro anos que se seguiram, realizou, contando com um grupo de gente bem intencionada, uma administração relativamente interessante para os padrões da época, o que fez com que sua popularidade aumentasse a passos largos não só em Campos, mas chamando a atenção da imprensa nacional, onde começava a se projetar.

Desde aquela época já dera sinais de que sua ambição política não ficaria restrita aos limites do município onde nascera. Elegeu seu sucessor, Sérgio Mendes, em 1992, mas logo que percebeu que nem todos estavam dispostos a segui-lo cegamente, tratou de romper com o jornalista que antes considerava ser seu amigo. De lá para cá, colecionou um número considerável de ex-amigos, em que constam nomes como Arnaldo Vianna e o compadre Fernando Leite Fernandes, por conta da sua busca megalômana do poder pelo poder, entre tantos outros que dariam uma lista grande.

Não à toa, depois de deixar Campos em segundo plano, no meio do segundo mandato como prefeito — 1997-1988 —, consegue se eleger governador do Estado do Rio de Janeiro, mas ainda era pouco. Decidiu, então, tentar a Presidência da República, numa eleição em que ficaria em terceiro lugar, em 2002. E mesmo não obtendo sucesso no plano nacional, a mulher, Rosinha, se elegeria governadora no primeiro turno.

Depois de um tempo colecionando inimigos por onde passou e sem os mesmos espaços no Rio de Janeiro, onde sequer conseguiu disputar, em 2014, o segundo turno para o Governo do Estado — ficou atrás de Luiz Fernando Pezão e Marcelo Crivella — emplaca a mulher como prefeita de Campos (2008/2002 e 2013-2016), que se reelege, mas não consegue fazer o sucessor dela. Num desempenho pífio, o candidato apoiado pelo antes todo poderoso, Dr. Chicão sequer chega ao segundo turno no pleito deste ano. Teve que assistir a uma vitória acachapante do candidato Rafael Diniz (PPS) à prefeitura da cidade. A derrota, em parte, teria se dado porque o cacique do PR forçou demais a barra para tentar a eleição de seu candidato à sucessão de Rosinha em primeiro turno. Mas é de bom tom considerar que a população também se encheu de ficar em segundo plano.

Mas o que Garotinho certamente não contava era que a derrota de Dr. Chicão dava início à derrocada de seu grupo. E, para isso, contribuiu, e muito, a descoberta do “escandaloso esquema” de suposta compra de votos utilizando o programa Cheque Cidadão, que pulou de 12 mil para 30 mil praticamente às vésperas da eleição. O que se seguiu já é de conhecimento de todos e infelizmente, colocou Campos dos Goytacazes mais uma vez em manchetes negativas em praticamente todos os sites do país.

A prisão do secretário de Governo da administração Rosinha, nesta quarta-feira, embora não tenha sido surpresa pra ninguém, diante das consistentes provas conseguidas pela Polícia Federal, pode, sim, ser o início do fim de um ciclo de um político que continua suscitando reações das mais variadas na opinião pública, de um modo geral: há quem o odeie e há quem o ame. Em ambos os casos, reações ao extremo.

Como o ditado aponta que contra fatos não há argumentos, pode ser que a população que decidiu romper com esse ciclo de poder, votando na oposição, tenha deixado claro ter se cansado de mais do mesmo.

Mas isso só o tempo dirá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário